A Serra do Curral está localizada no coração e no cerrado de Minas Gerais. Nela ainda resiste uma rica fauna e flora preservadas, além de ser considerada uma região de grande importância hídrica. Diversas nascentes e afluentes que desembocam no Rio das Velhas estão nesse território. Tornando-a essencial para o equilíbrio da cidade de Belo Horizonte, minha cidade natal. Um dos símbolos da cidade, a Serra do Curral contém espécies presentes apenas no cerrado de Minas Gerais. A orquídea Cattleya crispata e a ave gralha-do-campo, são algumas dessas espécies e inspiraram essa coleção.  

 

A Serra é um importante corredor ecológico que está ameaçado pela atividade mineradora da região, com projetos irregulares e que ameaçam não só as espécies da Serra, mas todo o equilíbrio sistêmico das cidades no entorno. Cresci assistindo, caminhando e observando a Serra. E infelizmente pude acompanhar sua destruição e os impactos no ecossistema da cidade ao longo dos anos. Sua preservação e recuperação das áreas já degradadas, deve ser reconhecida como parte essencial para a manutenção da nossa própria existência. Sem a Serra do Curral, sem os rios que nascem dela, sem as plantas que nos curam de tantas doenças e os animais que garantem o ciclo da biodiversidade, não existe cidade. E não existe Belo Horizonte.   

 

Nessa coleção, escolhi trabalhar com tecidos que um dia foram roupas e que caíram em desuso. Resgatando a potencialidade dessa matéria prima e a preciosidade do objeto que ela integra quando ressignificada. Arte vestível, decorativa e também joalheria contemporânea, as peças apresentadas na coleção trazem formas que remetem a abstração de elementos e espécies da Serra. Carregando joia onde pulsa e corre nosso sangue, as nossas origens e maiores preciosidades. Salve, salve Serra do Curral!